Pastoral da Saúde: à luz da opção pelos pobres e pelos enfermos

O Lábaro entrevista a coordenadora da Pastoral da Saúde da Diocese de Taubaté, Ana Regina de Oliveira Gama. Ela é assistente social aposentada como servidora pública pela Prefeitura de São José dos Campos. Está engajada, desde que fez a Primeira Comunhão, nas ações da Igreja, tendo freqüentado grupo de jovens e, mais tarde, escolhido atuar na Pastoral da Saúde. Esta área a motivou principalmente pela vontade de dedicar amor e cuidados aos semelhantes, espelhando-se em São Camilo de Lélis, patrono da Pastoral da Saúde.

O LÁBARO: Qual é a linha de trabalho da Pastoral da Saúde?

Ana Regina: A Pastoral da Saúde tem suas diretrizes estabelecidas pela CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil) atuando no mundo da saúde à luz da opção pelos pobres e enfermos. O objetivo específico é trabalhar em todos os setores, em prol da Igreja e do Evangelho, sempre em favor do outro para um mundo mais solidário. A pretensão é que todos se sensibilizem para o mundo das doenças, para atuar na prevenção, em campanhas, por exemplo, contra a dengue, a favor do meio ambiente, coleta seletiva, dentro da ação da pastoral. Para isso, usamos de ferramentas como os meios de comunicação e ainda cartilhas, banners, flyers, etc.

O LÁBARO: A Pastoral da Saúde é bem próxima da população? Onde se pode encontrar um membro dessa pastoral?

Ana Regina: Nossa missão é conjugar os verbos promover, educar, prevenir, cuidar, defender e celebrar a vida. É um trabalho inspirado na parábola do Bom Samaritano, na Lei do SUS (Lei 8080) e na lei dos conselhos municipais, pois, a Pastoral da Saúde faz parte do COMUS (Conselho Municipal de Saúde). A Pastoral deve estar presente nos hospitais e nas casas de longa permanência como asilos, creches, domicílios. São quase 500 membros em toda cidade de Taubaté. Todos fazem um curso completo de formação de agente de Pastoral da Saúde. Os cursos são feitos junto com a Faculdade Dehoniana.

O LÁBARO: Existem exigências para poder ser um agente da Pastoral da Saúde?

Ana Regina: Há várias. A pessoa precisa ter boa saúde, comprometimento, doação, equilíbrio, espiritualidade, ética, humanização, humildade, perseverança, respeito e saber trabalhar em equipe.

O LÁBARO: A senhora citou São Camilo de Lélis, ele é que a inspira?

Ana Regina: São Camilo de Lélis tem uma história com a saúde, é o protetor dos enfermos. Trabalhando nessa mística de São Camilo de Lélis, atuamos em nome da Igreja, à luz da Palavra de Deus.

O LÁBARO: Como ter acesso à assistência da Pastoral da Saúde? Qualquer pessoa precisando de assistência pode procurá-los?

Ana Regina: A Pastoral faz a mediação entre o doente e o serviço público. Se a pessoa precisa desse apoio, não tem parentes, não tem carro, a Pastoral atua. Existem ainda, farmácias comunitárias com distribuição de remédios e fraldas. A Pastoral empresta cadeira de rodas, muletas, camas hospitalares. A Pastoral tem uma equipe técnica com fisioterapeutas, psicólogos, médicos, dentistas. Tem também atuação em dependência química e faz visitas para levar conforto espiritual. Atuamos em parceria com os Vicentinos, a Pastoral da Criança, a Carcerária e da Pessoa Idosa. E em cada mês do ano, fazemos uma atividade especial. Em abril desse ano, por exemplo, aconteceu pela primeira vez a campanha “Abril Solidário”.

O LÁBARO: A campanha Abril Solidário foi iniciativa de quem?

Ana Regina: A Abril Solidário foi iniciativa da Pastoral da Saúde em rede nacional, com o apoio da CNBB. Em Taubaté foi coordenada pela Pastoral da Saúde e tem motivos para comemorar. Como foi o primeiro ano da campanha, os números de doadores no Hemonúcleo apresentaram um sensível aumento diário. A meta estabelecida pelo Hemonúcleo é de 60 doadores diariamente. Entretanto, esta meta diária não passa de 30 doadores. Isso é muito sério.

O LÁBARO: Como foi que a Pastoral da Saúde organizou essa mobilização?

Ana Regina: A Pastoral da Saúde recorreu as Paróquias e Comunidades, avisando nas missas e contou com o apoio da mídia local, que foi fundamental para que o número de doadores pudesse atingir um índice satisfatório no mês de abril. Foram efetuadas 275 coletas semanais, uma média de 55 diárias. Nos meses anteriores a coleta diária era de 35 em média.

O LÁBARO: E como foi a adesão dos fiéis católicos nesta campanha?

Ana Regina: Houve um sensível aumento e adesão dos fiéis católicos nos dias 3 e 6 de abril, sexta-feira Santa e feriado de São Benedito, onde mais de 75 pessoas compareceram para doar, em cada um desses dias. No dia 9 de abril foi efetuada coleta em Campos do Jordão e a Equipe da Pastoral da Saúde local se mobilizou conseguindo atingir mais de 80 coletas. Esses números nos dão segurança em dizer que a Campanha Abril Solidário foi um sucesso e que o apelo da Pastoral da Saúde foi atendido.

O LÁBARO: Quem pode doar sangue? Quais são os cuidados que se deve ter?

Ana Regina: Quem pode doar sangue são pessoas que pesam mais de 50 quilos. Deve ter boa saúde. Quem tiver interesse em participar das doações, deve procurar a Pastoral da Saúde. Ela fornecerá orientações sobre como se preparar para o dia da coleta. Em nossa Diocese, pudemos contar com a participação dos padres e seminaristas, com a Pastoral da Juventude dos Movimentos do Cursilho de Cristandade, com o Movimento de Casais, como o Aldeia de Vida e ainda, com as pastorais de maneira geral, além de outras pessoas.

O LÁBARO: Como você avalia o resultado dessa campanha?

Ana Regina: Acredito que a mobilização para essa ação de solidariedade foi muito significativa. Não só para a Pastoral da Saúde, mas para a Igreja Católica como um todo, pois vimos no rosto dos doadores, a alegria de servir e de poder realizar um gesto concreto de amor ao próximo.

O LÁBARO: Você gostaria de deixar algum recado aos leitores do O Lábaro em prol da Pastoral da Saúde?

Ana Regina: Sim, claro. Gostaria de pedir às pessoas que reflitam sobre essa iniciativa de ajudar o próximo, que possam se mobilizar para este gesto concreto de solidariedade, para que na próxima campanha, possamos ampliar esses números de doações. Agradecemos a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para o sucesso dessa Campanha. Rogamos a Deus que derrame bênçãos a todos! Muito obrigada!

Por Anaísa Stipp

Fonte: Jornal O Lábaro/Setembro de 2015

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