Não há, de fato, um mês missionário, mas uma Igreja Missionária. Há cristãos que alimentam mentalidade missionária, infelizmente, porém, nem todos os batizados assumem a missão. Nascem em famílias nominalmente católicas, mas realmente, sem paixão missionária. Faltam elan e ideal evangelizadores. Felizmente está crescendo uma nova consciência entre nós: não pode ser discípulo de Jesus Cristo, quem não O segue, O vive e O anuncia.
Origem da missão. A Trindade. O Pai envia o Filho e este com o Pai enviam o Espírito Santo. A família humana tem a Trindade como criador e como destino final. Da Trindade procedemos e a Ela retornaremos como vitoriosos ou como derrotados, no juízo. Nós, no entanto, apesar dos óbices, e das dificuldades reinantes, queremos assumir nosso processo de realização.
O Pai enviou o Filho: “Como o Pai me enviou também eu vos envio. Ide” (Jo 20.21). Jesus é o primeiro e maior missionário. Do Pai veio, cumpriu, exemplarmente, sua missão e ao Pai voltou.
Já bem no inicio de sua missão, Ele proclama na sinagoga de sua terra que foi “Enviado para proclamar a libertação…” (cf. Lc 4,18ss). Mais tarde acentua que deveria voltar ao Pai: “Convém que eu vá! Porque, se eu não for, o paráclito não virá a vós… mas se eu for, vo-lo enviarei” (Jo 16,6-8). A Trindade trabalha em união, porque é comunhão e amor.
Igreja é Missionária porque enviada. Antes da Ascensão Jesus reuniu os seus e lhes disse: “Ide pelo mundo inteiro, anunciar a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16,15; Mt 28,19). Com Pentecostes a Igreja nasceu oficialmente missionária. Ela não substitui Cristo, mas sendo seu corpo e tendo Cristo, como cabeça, continua Sua obra: construir o Reino de Deus pelo qual Ele viveu, morreu e ressuscitou. A Igreja deve incansavelmente anunciar pelo testemunho da palavra, vida e missão, a mensagem, a vida, o mistério, e o destino de Jesus. Houve tempo em que tal consciência estava bastante fragilizada. Mas, após o Vaticano II, e as Conferências Latino- Americanas e do Caribe, mais e mais as palavras da EN e da RM ecoaram, e a Igreja presente no Brasil, acordou. Ela se percebe, agora, em permanente estado de missão (cf. Doc 94 nº 30 ss).
Mas tal consciência ainda não foi avivada em todos. Os ministros ordenados são os que, em primeiro lugar, devem converter-se a Cristo – o Bom Pastor e Missionário – para assim converter-se mais à missão. O mesmo se espera, antes de tudo, da vida consagrada. E dos leigos? Também. A grande conversão missionária virá com eles, não só pela quantidade numérica do laicato, mas, principalmente, pela conscientização de sua missão como sal, luz e fermento de um mundo novo. O protagonismo laical será uma bênção para a Igreja e o mundo. Santa Teresinha e São Francisco hão de nos ajudar na Diocese. Nhá Chica e Beata Albertina também. E Nossa Senhora Aparecida, não? Ela, sobretudo, pois Maria é a Estrela da Evangelização, principalmente da Nova Evangelização. (Estudos da CNBB, nº 104). Cabe aos pastores avivar e aprofundar esta consciência. A Diocese de Taubaté quer assumir plenamente tal conversão.
Conclusão:
Espero que a leitura, o estudo e a meditação da Palavra de Deus (Lectio Divina), a oração pessoal, os retiros e cursos acentuem determinantemente esta proposta da CNBB. No entanto, ela não procede da CNBB. A Igreja já nasceu missionária, e deve viver missionariamente para ser fiel a Cristo e a si mesma. A Diocese de Taubaté, enquanto porção da Igreja, Una, Santa Católica e Apostólica, quer tudo fazer para tornar seus membros missionários. Mais e mais. Esta é nossa esperança. Minha especialmente.
Dom Carmo João Rhoden, scj
Bispo de Taubaté