O encontro com Jesus Cristo como processo de renovação e de amadurecimento do futuro presbítero

O tema do encontro com Jesus Cristo é uma prioridade do discipulado missionário segundo a Conferência de Aparecida. O candidato ao presbiterado que deseja seguir os passos de Jesus Cristo e vir em seu seguimento deve estabelecer um encontro pessoal com Ele, um encontro que faça surgir, antes de tudo, um verdadeiro cristão, e, depois, por meio de uma íntima comunhão com Ele, possa de fato ser um discípulo autêntico e um missionário convicto. Encontro que não aconteça apenas por uma decisão ética ou por uma grande ideia, mas que produza um acontecimento, um relacionamento pessoal, uma orientação para a vida inteira e para a realização do próprio ministério. Esse encontro deve ser verdadeiramente um encontro de fé com a pessoa de Jesus Cristo para que, fascinados pelo Mestre, se deseje permanecer com Ele.

O seminário e as casas de formação devem ser de fato uma escola de discípulos e missionários. Assim como os apóstolos foram formados na escola de Jesus Cristo, assim também os candidatos ao presbiterado, ou seja, os formandos, devem se sentir inseridos no processo de formação para o seguimento de Jesus Cristo.
De certo modo, a vida do presbítero é como uma escola em que cada um é chamado a frequentar para toda a vida. Sabemos que esta escola se inicia no tempo do seminário. Com efeito, ter em si os sentimentos de Cristo é colocar-se cada dia na sua escola, para aprender com Ele a ter um coração manso e humilde, corajoso e apaixonado. É deixar-se educar por Cristo, Verbo eterno do Pai, ser cativado por Ele, coração e centro do mundo, e escolher precisamente a sua forma de vida.

A formação presbiteral deve educar e formar. Educar para a verdade e formar para a liberdade do dom de si, segundo o modelo da Páscoa do Senhor. Na formação presbiteral, o candidato ao sacerdócio deve aprender progressivamente a ter em si os sentimentos de Cristo e a manifestá-los numa vida sempre mais conforme a Ele, no âmbito individual e comunitário, na formação inicial e permanente. Desse modo, o exercício do presbiterado é expressão do estilo de vida essencial e completamente abandonado ao Pai, escolhido por Jesus sobre esta terra. A oração torna-se continuação, na terra, do louvor do Filho ao Pai, pela salvação da humanidade inteira. A vida comunitária é a demonstração que, no nome do Senhor, podem-se ligar vínculos mais fortes do que aqueles que provêm da carne e do sangue. O exercício pastoral nas diversas comunidades é o anúncio apaixonado daquele que foi conquistado pelo mestre.

A partir do Encontro com Jesus Cristo, o futuro presbítero vai vivenciar um processo que norteará e fortalecerá toda a sua vida. Por isso, é vivenciando elementos preliminares nesse processo que ele se tornará discípulo-missionário convicto e capaz de abraçar os ideais de um autêntico ministro da Igreja e de Jesus Cristo na vida e na missão.
É no encontro com Jesus Cristo que o futuro presbítero se renova e amadurece, desenvolvendo capacidades e potencialidades para o futuro exercício do ministério; desenvolvendo, assim, uma espiritualidade da vocação a partir do encontro com Jesus Cristo para sustentar as etapas do processo formativo.

No encontro com Jesus Cristo, a formação torna-se aprendizado para se viver os mesmos sentimentos de Cristo e vivê-los em toda a nossa existência, tornando-se, assim, testemunha, a fim de que o dom recebido atinja a todos. Cristo, com efeito, “não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente” (Fl 2, 6), não reteve nada para si, mas partilhou com os homens a própria riqueza de ser Filho. O tempo da formação presbiteral é essa oportunidade de se partilhar da intimidade do Cristo-mestre. Isso significa que o testemunho deverá ser nítido e inequívoco, claro e compreensível a todos, para mostrar, assim, que a vida sacerdotal pode ser uma possibilidade para encontrar-se com Cristo e deixar-se seduzir por Ele, tornando-se um consagrado, ou seja, todo Dele e Ele todo em nós.

Para que essas realidades aconteçam, há elementos essenciais para a renovação e o amadurecimento do processo formativo. Dentre outros, busca-se destacar alguns: a conversão e a comunhão como método nesse mesmo processo formativo; a Palavra de Deus, a Eucaristia e a Virgem Maria como lugares de vitalidade no processo formativo do futuro presbítero; o Espírito Santo como o protagonista daqueles que querem deixar-se formar na escola do Mestre Jesus Cristo.

Pe. Leandro dos Santos
Reitor do Seminário Diocesano Cura d’Ars

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