O Dom da diversidade: a diversidade na unidade em Cristo

O Papa Francisco pede que “rezemos para que o Espírito ajude a reconhecer o dom dos diferentes carismas nas comunidades cristãs e a descobrir a riqueza das diferentes tradições rituais no seio da Igreja Católica”.

Durante uma audiência com os Bispos Orientais Católicos no Vaticano, o Papa Francisco exortou a “viver até o fundo” as tradições eclesiais, para “recorrer às mesmas fontes de espiritualidade, liturgia e teologia que as Igrejas Ortodoxas”. “É sermos testemunhas conjuntas de tamanha riqueza”.

A Igreja Católica é una, santa, apostólica e universal. Uma comunidade de discípulos missionários de Jesus Cristo que deve tender para catolicidade, para a abertura universal. É fundamental para sua identidade e autenticidade cristã. A catolicidade é a universalidade, a visão de conjunto, a abertura.

Os carismas que a Igreja recebeu de Jesus Cristo são dom e tarefa. São sementes de graça que, para crescer, precisam de um terreno fértil.

Os carismas são um dom da diversidade, são sementes da vida de Deus; nelas e através delas age o dinamismo de Deus, o movimento do Espírito vivificante de Deus. Fundamental a abertura a novos dons do Espírito Santo. Jesus elogiou a sabedoria do dono de casa que extrai para fora do seu tesouro coisas novas e coisas velhas.

Buscar a unidade na diversidade é uma tarefa fundamental e árdua. Ser instrumento de comunhão na diversidade é algo que distingue a comunidade cristã.

É fundamental renovar a unidade, reavivar a comunhão, uma comunhão plural que acolhe a diversidade, mas vive-a na unidade fé, esperança e caridade. É construir a unidade de todos e de todas. Na diversidade caminhar juntos. Procurando sempre incluir e não excluir. A diversidade não deve ser fonte de incompreensões e controvérsias.

A pluralidade e multiplicidade de formas de crer, bem como as diversas correntes ou credos dentro de uma mesma tradição religiosa, colocam o desafio da vivência na relação com o diferente, com a unidade na diversidade.

A Igreja Católica tem em seu seio 23 igrejas católicas orientais a partir de 5 ritos orientais: Caldaico, Siríaco, Copta, Armênio e Bizantino. Eles englobam algumas variantes: como o Siro-Malabar, Maronita e Ucraniano. Portanto, contando com o rito latino a Igreja Católica tem 6 ritos. Totalizando 24 igrejas autônomas conhecidas como “sui iuris”.

São mais fortes em seus lugares de origem, porém os fiéis de rito oriental estão espalhados pelo mundo. Aqui na Diocese de Taubaté temos a Igreja Católica Greco Melquita sob a responsabilidade do Pe. Dimitri, na igreja de Sant’Ana, de rito Bizantino.

Possuem tradições culturais, litúrgicas e teológicas diferentes, bem como a estrutura e organização territorial própria, porém professam uma única doutrina e fé católicas mantendo comunhão completa em si e com a Santa Sé.

São igrejas “sui iuris”, ou seja, autônomas para legislar de modo independente dentro de seu rito e disciplina, e não a respeito dos dogmas que são universais e garantem a unidade da fé. Estão em comunhão com o Papa que as preside na caridade. Foram uma única Igreja Católica. A Igreja Católica é uma, sem ser uniforme. Tem uma significativa diversidade de ritos, que atende à tradições históricas tanto milenares quanto mais recentes.

O Papa São João Paulo II na Carta Apostólica Orientale Lumen (02.05.1995) na qual defendeu que a “antiga tradição das Igrejas Orientais é parte integrante do patrimônio da Igreja de Cristo, a primeira necessidade para os católicos é conhecê-la para se poderem nutrir dela…” (n.1). E acrescentou: “A Igreja cristã tem dois pulmões: o ocidental e o oriental. E precisa dos dois para respirar. Duas tradições, dois modos complementares de viver o único evangelho” (Carta Encíclica Ut Unum Sint, 54).

A Igreja Católica nasceu com uma pluralidade litúrgica riquíssima. No dom da diversidade é preciso reconhecer e valorizar tradições orientais católicas.

A Igreja quer a diversidade na unidade em Cristo. A Igreja quer ser um rebanho espalhado em todo o mundo – orientais e ocidentais – sustentados pelas raízes de uma só fé, conservando o comum patrimônio dos diversos ritos formando todos juntos “um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16).

Prof. Dr. José Pereira da Silva

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