Por razões óbvias, as celebrações dos Jubileus a cada vinte e cinco anos estão intimamente ligadas à figura do Papa, Sucessor de São Pedro: dado o seu caráter universal, o Ano Santo é convocado sempre pelo Papa, aberto solenemente por ele, que também preside as diversas celebrações no decurso do ano e, ao seu final, encerra-o ao fechar a Porta Santa.
Entretanto, pode acontecer que aconteça o falecimento do Papa durante o Jubileu, como vimos acontecer no presente Ano Santo: em 21 de abril, morreu o Santo Padre, o Papa Francisco, que já vinha enfrentando dificuldades em sua saúde desde há algum tempo.
Logicamente, além de todas as especulações que normalmente se fazem quando da morte de um Pontífice Romano, não faltaram perguntas, também, quanto ao Jubileu: seria cancelado? A resposta é: não! E, para entendermos o motivo, é preciso olhar para o mistério da Igreja.
Se, por um lado, os cargos da Cúria Romana ligados à administração temporal da Igreja caem quando o Papa morre, por outro, a Igreja não para de funcionar em sua missão por causa do falecimento do Pontífice. Nisso fica claro que a Igreja pertence a Jesus Cristo e não ao Papa: o Sucessor de Pedro tem uma missão singular e sobrenatural na vida da Igreja, por isso é tão importante que todos os católicos vivam o luto por sua morte e rezem pela escolha do novo Papa; porém, a Igreja, em seu mistério de ser sacramento universal de salvação, prossegue sua missão enquanto não se escolhe um novo Bispo de Roma; assim, os Sacramentos continuam a ser celebrados, a evangelização continua acontecendo em todo o mundo e, no caso do Jubileu, mesmo que algumas atividades tenham sido remarcadas devido aos dias de luto pela morte do Papa e os seguintes dias de Conclave para a escolha do próximo Pontífice, o Ano Santo não é suspenso, mas continua em plena vigência.
Isso nos recorda a resposta dada por Bento XVI quando lhe perguntaram se ele estaria na Jornada Mundial da Juventude no Brasil, em 2013: sabiamente, a resposta dele foi a de que o Papa iria. Como vimos acontecer, ele veio a renunciar e o próximo Papa, Francisco, é que foi ao evento. Com isso, vemos a pequenez da pessoa do Papa diante da grandeza do seu ministério que está a serviço do igualmente grandioso mistério da Igreja, Corpo Místico de Cristo que, através dos séculos, desempenha sua missão no mundo. A continuidade do Jubileu, mesmo com a morte do Papa, nos mostra algo talvez estranho para o mundo atual, onde impera o narcisismo que nos faz fotografar a nós mesmos: na Igreja de Deus, a obra é maior do que as pessoas…
Por: Pe.Celso Luiz Longo