Fraternidade e Educação: fala com sabedoria e ensina com amor

Com o início da quaresma, a Igreja no Brasil abre oficialmente a Campanha da Fraternidade, que, todos os anos, convida seus fiéis a buscarem a conversão também em algum aspecto concreto da vida social. Considerando as urgências e as necessidades próprias do nosso tempo, nossos bispos nos convidam para que, neste ano, reflitamos juntos sobre a realidade da educação, considerando-a, sobretudo, como um direito de todo cidadão e como uma realidade que envolve todos os aspectos da vida.

Consciente de seu papel transformador na sociedade, a Igreja observa com certo grau de preocupação o descaso que tem sofrido a educação dentro de nosso país em seus mais diversos âmbitos, não apenas aquele que envolve a realidade escolar. “Em um tempo marcado pela pandemia da Covid-19 e por diversos conflitos, distanciamentos e polarizações, é preciso reaprender a amar, a perdoar, a cuidar, a curar, a dialogar e a servir a todos. Educar é construir a verdadeira fraternidade alicerçada na justiça e na paz” (Texto-base, n.8).

Iluminados pela Palavra de Deus que nos interpela a falar com sabedoria e ensinar com amor (cf. Pr 31,26) a Campanha da Fraternidade de 2022 convida cada fiel a redescobrir seu duplo papel de educando e educador, na medida em que ela própria se reconhece dentro dessa mesma perspectiva: uma vez educada por Cristo, seu único e verdadeiro Mestre, a Igreja se dispõe a também educar seus filhos e filhas.

Nosso olhar repousa sobre Cristo e suas ações, todas elas educativas e restauradoras, permeadas de uma visão positiva do ser humano, capaz de ver em cada pessoa não apenas seus pecados, mas sobretudo sua capacidade de conversão e de desenvolvimento. Cristo fez-se sempre próximo; ouviu e foi ouvido; tocou e permitiu-se ao toque; foi digno de fé na mesma medida em que acreditou nas potencialidades de conversão e mudança; enfim, Cristo é o referencial de toda ação educadora que se proponha a ser restauradora da integridade e da dignidade humanas.

Partindo desse princípio de fé, a Igreja pede a seus fiéis que analisem o contexto da educação na cultura atual – considerando também seus desafios e os impactos das diversas políticas públicas – e a partir daí, identifiquem valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã, em vista de uma educação humanizadora na perspectiva do Reino de Deus, que seja ao mesmo tempo comprometida com as novas formas de economia, de política e de progresso em favor da vida humana, em especial dos mais pobres.

Que este tempo favorável de reflexão e oração inspire a todos para que, individualmente e como comunidade, tomem consciência de sua missão evangelizadora e educadora, a fim de que as futuras gerações colham os frutos do que agora for semeado.

Padre Junior Rangel
Assessor Diocesano para a CF

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