Família, buscai a Alegria do Amor

 “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher?” (Mt 19,4). Jesus utiliza as palavras do livro do Gênesis referente a realidade fundamental do casal humano: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24).

A família hoje vive as mudanças antropológicas culturais e sofre a influência em todos os aspectos da existência humana. A sociedade de hoje e de amanhã parece não aceitar esse modelo de família nuclear, embora diga estar a favor desta que é célula mãe. Isso porque os indivíduos são menos apoiados do que no passado pelas estruturas sociais na sua vida afetiva e familiar.

Hoje, os laços familiares são marcados pelo individualismo e cada membro da família acaba se tornando uma “ilha” dentro da própria casa. A família vive induzida pelas tensões fortes da cultura do individualismo e do prazer, gerando assim a intolerância e a violência doméstica. A violência vergonhosa que, às vezes, se exerce sobre as mulheres, os maus-tratos familiares, a violência sexual contra as crianças que é contrária a segurança e amor para com elas. A violência verbal, física e sexual, perpetrada contra as mulheres, contradizem a própria natureza da união conjugal. Quando a espiritualidade conjugal e familiar não fazem parte do dia a dia da família, seus valores fundamentais se esvaziam, contrariando assim, a escuta da Palavra de Deus, a oração conjugal, a educação dos filhos, a participação na vida de comunidade e da Igreja, a ética e a moral cristã.

A crise do casal desestabiliza a família e pode levá-los à separação e ao divórcio, trazendo sérias consequências para os adultos, para os filhos e para a sociedade, enfraquecendo assim, o indivíduo e os laços sociais.

O enfraquecimento da fé e da prática religiosa afeta as famílias, deixando-as ainda mais sós com suas dificuldades.

Há muitos filhos nascidos fora do matrimônio, e muitos são os que crescem com um só dos progenitores e em um contexto familiar alargado ou reconstituído. A situação dos idosos, que antes eram cuidados e amparados com afeto e respeito, pela sabedoria que possuíam, hoje são substituídos pela ciência e pela tecnologia, sem os cuidados da família. A situação das famílias caídas na miséria são penalizadas de tantas maneiras, onde as limitações da vida se fazem sentir de modo doloroso.

 Vivemos em meio às drogas, ao alcoolismo, à prostituição, que vêm matando os nossos adolescentes e jovens. Os meios de comunicações sociais de todas as formas informam demasiadamente, mas nem sempre influenciam na educação dos filhos de forma positiva, assim os pais ficam fragilizados diante dessa situação e, consequentemente a educação fica limitada.

 Todavia, muitas famílias que vivem de forma cristã tornam-se verdadeiramente pequenas igrejas domésticas, onde os seus membros vivem em paz, com alegria, com respeito, partilham a vida, a confiança e segurança. Em poucas palavras, cada membro da família procura curar as feridas do outro. A alegria do amor na família está presente nesses lares. A Igreja é chamada a colaborar com uma ação da Pastoral da Família, contando com essas famílias para ajudar tantas outras. Assim, podemos afirmar com vigor: família evangelizando família (“Família, torna-te, aquilo que tu és”).

Diácono Bosco

Fonte: Amoris Laetitia – Papa Francisco.

×