Entrevista: Padre Julius Rafael fala sobre sua vocação

Padre Julius Rafael Silva de Barros Lima é filho de Amaury Antônio de Barros Lima e Maria Aparecida Silva de Barros Lima.

Nascido no dia 04 de outubro de 1986, Padre Julius é natural de Taubaté (SP) e sua paróquia de origem é a São José Operário de Taubaté.

Em entrevista ao Jornal O Lábaro, Padre Julius contou o chamado ao sacerdócio, o processo de discernimento, o tempo de formação, a atuação durante o diaconato e os primeiros dias como padre.

Confira:

O LÁBARO: Fale um pouco sobre como descobriu a sua vocação ao sacerdócio.

A vocação ao sacerdócio se manifestou em minha vida desde pequeno, logo cedo fui coroinha e sempre busquei viver com amor o serviço a Deus. Quando eu estudava na creche, era o padre da quadrilha, além de brincar de celebrar missa. Minha família sempre buscou me ensinar a importância de Jesus em nossas vidas, pois desde pequeno, minha avó Odete trazia coisas que suscitasse em meu coração o amor a Deus. Foi na Paróquia São José Operário que iniciei minha vida como cristão, e foi lá que comecei os encontros vocacionais na diocese, porém acreditei que ainda não estava preparado e que precisava seguir minha vida. Por isso, trabalhei um bom tempo em fábrica, namorei, estudei e comecei a participar da comunidade Missão Sede Santos. Meu coração sempre ficava inquieto, pois quando estava cursando Engenharia Mecânica tinha vontade de fazer Filosofia ou Teologia depois que terminasse essa faculdade. Achava estranho e não entendia muito bem. Depois de um tempo de discernimento, sempre tive em meu coração essa busca pelo sacerdócio. E foi no ano de 2013, que iniciei minha formação ao sacerdócio de Cristo, na Comunidade Missão Sede Santos, onde fiquei até o ano de 2018, quando novamente em discernimento e oração, deixei a Comunidade e me tornei seminarista diocesano. O fato curioso, é que ao iniciar o seminário, perguntei para minha mãe se quando eu era pequeno já dizia alguma coisa sobre o sacerdócio, e ela me disse que um dia saí correndo até ela na cozinha de casa chamando: Mamãe, mamãe! E ela me perguntou: O que foi filho? E eu respondi a ela que seria padre. Ela ficou assustada e guardou isso em seu coração todos esses anos, tendo a certeza em seu coração do chamado de Deus em minha vida.

O LÁBARO: Como a sua família acolheu a sua decisão de entrar no seminário?

Minha família acolheu bem, não encontrei oposição por parte deles. Acredito que Deus, aos poucos, foi preparando o coração de todos os meus familiares.

O LÁBARO: O tempo de seminário é um tempo oportuno de discernimento e formação. Como foi esse tempo para você e que experiências foram mais significativas?

Muitas vezes, as pessoas acham que o tempo de seminário é garantia para que o seminarista se torne padre, mas acredito que é tempo de um profundo conhecimento pessoal, aprofundamento espiritual e discernimento, onde realmente podemos nos encontrar e perceber se realmente o Senhor nos chama a viver o ministério sacerdotal. Acredito que são muito significativas as formações e também a fraternidade que se vive no seminário, onde enquanto comunidade, um ajuda o outro nas coisas cotidianas. Outra coisa que ajuda muito, é a Leitura Orante da Palavra de Deus com a oração das Horas, pois realmente nos tempos difíceis é Deus quem fala pela sua Palavra.

O LÁBARO: Em março deste ano, você foi ordenado diácono, juntamente com os diáconos Miguel e Júnior. O que significou esse momento para você?

Significou a realização do amor de Deus por mim, a realização do chamado Dele feito a mim, desde pequeno. E a vivência desse ministério se realiza como somos chamados, enquanto diácono ao serviço da Palavra e o cuidado aos irmãos. Principalmente neste tempo de pandemia que vivemos, é pela Palavra de Deus levada, seja nas homilias feitas nas celebrações eucarísticas, nos casamentos ou nos batizados, que a esperança do Reino de Deus pode chegar aos corações mais feridos. Mas, foi nas celebrações de exéquias que fiz que consegui ver a misericórdia de Deus chegar as pessoas, realizando de forma fecunda a vontade de Deus em minha vida.

O LÁBARO: O que você destacaria como alegrias e desafios dessa vivência?

As alegrias são os momentos em que batizamos uma criança e ela dá aquela risadinha quando fazemos o sinal da cruz na sua testa. Nas pequenas coisas percebemos as pessoas que acolhem a graça de Deus. Quando damos uma orientação e a pessoa sai feliz, pois encontra esperança em sua vida. O grande desafio é evangelizar em um mundo ainda mais secular, onde muitos não querem saber de Deus, mas só de si, e o que importa são as realizações das vontades próprias. Sendo assim, levar a Palavra de Deus na atualidade é o grande desafio.

O LÁBARO: Como você se preparou para o momento da sua ordenação sacerdotal?

Me deixei conduzir pelo Espírito Santo de Deus, através das orações pessoais, do retiro preparatório para ordenação, com disponibilidade a Deus e sempre tentando realizar o meu lema de ordenação que é “Eis que Venho! Com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39).

O LÁBARO: Que mensagem você deixa aos jovens que desejam fazer esse caminho vocacional?

Digo que

vale a pena deixar tudo para seguir a Jesus. Muitos podem ser os obstáculos e desafios, mas confiando sempre no Senhor, Ele nos encaminha a realizar Sua vontade e a viver a sua providência em nossas vidas. Se você sente o chamado de Deus, procure o padre de sua paróquia e diga a ele de sua inquietação, para que você possa ser orientado e encontrar a sua verdadeira vocação.

O LÁBARO: No último dia 7 de agosto foi sua Ordenação Presbiteral. Como você define esse momento em sua vida e como tem sido os primeiros dias como padre?

Defino como um momento de realização pessoal, mas também como o início da missão dada por Jesus Cristo e por sua Igreja de anunciar o Reino de Deus a todos o povo. Nestes primeiros dias busco viver a alegria de anunciar o Reino com amor e disponibilidade e com a oração do povo de Deus, buscando cumprir com amor e alegria fazer sempre com prazer a vontade de Deus.

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