Por Pe. Jaime Lemes, msj
Gaúcho de São José do Inhacorá e fervoroso torcedor colorado, Dom Carmo João Rhoden é o mais velho de 12 irmãos. De família alemã, cresceu na colônia e recebeu do pai os ensinamentos mais preciosos, os quais carrega consigo até hoje. Ordenado presbítero em 17 de dezembro, em Roma, celebra 50 anos de ministério sacerdotal. Há um ano e meio como bispo emérito de Taubaté, quer continuar trabalhando pela evangelização na Igreja.
O LÁBARO: Ainda muito jovem o senhor entrou para o seminário. Em que momento se manifestou o desejo de ser padre?
DOM CARMO: Eu quero crer que em toda vida existem condicionamentos. Nós vivemos num mundo, e isso influi. Além do mais, nós já trazemos “n” coisas no nascimento. Então, somos seres situados, contingenciáveis… seres que estão numa evolução. E aí, a gente exerce influências e também as recebe. É claro que, quando criança, a gente mais recebe do que influencia. Eu tenho que assinalar que a minha família colaborou indubitavelmente, de maneira extraordinária, para que despertasse em mim essa vontade. Meu pai era extraordinário em muitas coisas. Ele foi professor. Dava aula de manhã e à tarde, e à noite criou um curso para adultos. Não só por amor à cultura. Em casa éramos 12 irmãos que precisavam ser sustentados, e professor de Primário não ganha muito. Depois, aos sábados, ele dava catequese. A primeira turma de Primeira Comunhão que se formou foi com ele. Aos domingos, ele organizava o culto. Não tinha padre na colônia. A gente só via um padre de três em três meses. Tanto o pai quanto a mãe foram pessoas sempre de princípios cristãos. Meu pai tinha uma visão muito social das coisas. Ele inventou uma caixa econômica, tipo Raiffeisen (em alemão), inventou uma cooperativa para os colonos. O modo como vivia e falava da vida, aos poucos foi sendo introjetado. Depois eu me tornei o sineiro da capela. Os padres do Sagrado Coração também tinham uma certa presença em casa. Então, foi essa conjunção de valores, de influências, de condicionamentos.
O LÁBARO: Embora fosse uma vontade do pai, a família de modo geral acolheu bem a sua decisão de ir para o seminário?
DOM CARMO: Eu sou o filho mais velho. O segundo é três anos mais novo do que eu e o outro, que é padre, é quatro anos mais novo. Então eles ainda não tinham muita opinião nesse sentido. Mas logo depois, também manifestaram o desejo de ir. Só o segundo que não. Esse não queria. Mas daí houve missões lá em Três Passos, pregadas pelos padres Redentoristas. A esta altura eu já estava em Corupá-SC, porque eu fiquei um só um ano em Criciumal, por causa da escola boa que eu tive com o pai. Então eu já estava trabalhando terceiro – porque o segundo não queria nada nesse sentido – para ir para a Congregação do Sagrado Coração também. Mas daí, houve missões em 1954 e levaram-no para o seminário redentorista. Também o meu irmão do meio se sentiu vocacionado. Era vocação por contágio. Ele foi levado junto pelos Redentoristas. Mas assim que terminou o Ginásio, ele voltou. Não tinha vocação.
O LÁBARO: Como foi deixar a família?
DOM CARMO: Eu fui para o seminário muito ingênuo. Nunca tinha saído de casa. Tanto é verdade que para sair de casa foi um escândalo. Para desapegar da mãe foi dolorido. Depois, Corupá era longe. Durante anos não ia ninguém. Era em torno de 900 km. Saímos no dia de Santo André Corsini. Eu estando no seminário e só passando as férias em casa, então não participei muito da vida, das labutas, das dificuldades dos de casa. Eu tenho irmãos que nasceram nesse período e quando chegava em casa tinha novidade, né. Principalmente, a gente como religioso, terminando o segundo grau, foi para o Noviciado. Terminava o ano letivo na Festa de Cristo Rei, recebíamos a batina e iniciava o Noviciado. Então foram quatro anos de silêncio, sem ver a família. Antes de começar o Noviciado, éramos chamados de “caríssimos”. Já fui caríssimo! (risos). Só depois o segundo ano de Filosofia que fui pra casa. Então era claro que tinha novidade. De modo que o meu relacionamento com os mais novos foi muito fraco. Praticamente não houve convivência. Depois houve o fato de ir pra Roma, mais quatro anos. Então houve um distanciamento, o que afetou afetivamente também.
O LÁBARO: Como foi o seu tempo de seminário? O que mais o marcou?
DOM CARMO: Em Corupá, o que mais me marcou foi a organização. Era tudo já previsto: quando tinha de levantar, quando tinha de rezar, tomar café, ir para a aula etc. Então era tudo muito bem organizado. Também, depois do trabalho tinha o jogo de futebol. Eu não era uma grande expressão no futebol, mas um medíocre jogador do terceiro ou quarto time. Mas participava. Outra coisa que marcou ainda foi a seriedade no estudo. Os padres eram exigentes e chamava à atenção. Era essa a pedagogia. Eu, sendo filho de professor, encampei a causa. Se no futebol não era grande coisa, então precisava estudar. E não me sai mal nos estudos.
O LÁBARO: E como foi o tempo de estudos em Roma?
DOM CARMO: Foi muito bom. Mas é claro que a gente sofreu. Caímos, por exemplo, nas mãos dos jesuítas. Ora, os jesuítas são admiráveis pela inteligência, pela cultura, mas com gente, às vezes eles não são bem “gente”. Depois, a Teologia Moral eu fiz na Afonsiana. Lá já é outra mentalidade, outro tipo de padre, mais humano… como o Hering, o Hortelano e outros, que eram grandes referências. Bons professores e, ao mesmo tempo, muito humanos. Então foi uma diferença que eu percebi muito. No colégio [do Sagrado Coração, em Roma] eu também consegui me inserir facilmente. Acho que nunca fui um homem de muitas exigências. Nem hoje eu sou. Para mim qualquer comida serve; eu não tenho necessidade de grande carro etc… Eu vi coisas bonitas por lá, mas vi cretinices também, a autossuficiência de um tipo de povo que estava estudando lá.
O LÁBARO: Nesse tempo de estudo em Roma, o senhor acompanhou também a mudança promovida pelo Concílio Vaticano II. Como foi vivenciar isso num ambiente em que certamente fervilhava a discussão sobre as perspectivas do Concílio?
DOM CARMO: Para nós não foi tão difícil, porque no colégio conviviam 17 nacionalidades diferentes. As discussões eram às vezes elevadas e tinham altos e baixos, porque dependia com quem você se encontrasse. Mas foi um momento bonito. Você perceber um pouquinho o fervilhar do sangue da Igreja. A gente ia até lá na Catedral de São Pedro e sentava onde se sentaram os bispos e os cardeais. Não influía em nada, mas era significativo. Os papas, por exemplo, João XXIII, que morreu antes que eu fosse, ele estava vivo ali. Depois veio o Paulo VI, que eu admirei demais. Esse sim, sofreu. Eu não percebi todas as dificuldades que poderia trazer essa transformação. Achei que estava na hora, isso sim, era bem-vinda. Mas que isso pudesse causar um desconforto do tamanho do mundo, eu não via logo. A gente via algumas refrações no colégio e fora do colégio. Houve até na Gregoriana uma pequena insurreição. Houve quem quisesse introduzir algo novo e ele foi praticamente banido. Mas no colégio, essa passagem até que foi bastante normal. O reitor era um padre holandês, então ajudou no sentido de nos alertar para o novo. Então o Concílio foi visto positivamente. Para nós, foi muito oportuno ver isso acontecendo ali. Porque nós podíamos ter encontro com gente de gabarito no campo teológico. Tivemos conferência com Karl Rhanner, com Schillebeeckx, com Ratzinger (Papa Bento XVI), com De Lubac, Congar. O Próprio colégio favorecia o encontro com esses homens significativos do Concílio. Então, acho que isso fez um bem, porque sempre achei que a Igreja tinha de ser mais humana. Sempre tive dificuldade de trabalhar com gente metida a prussiana. Isso, para mim, fazia com que o meu aparelho digestivo sofresse. Gostei muito dos documentos conciliares. Eles deixaram o mundo mais palatável, uma Igreja mais perto do homem, do mundo. O Concílio veio em bom tempo e eu dou graças a Deus porque pude vivenciar tudo isso.
O LÁBARO: A ordenação do senhor foi em Roma, longe da família. Como foi esse momento?
DOM CARMO: Foi um misto de alegria e tristeza. Alegria pela ordenação e tristeza por que não tinha nem pai nem mãe nem irmão nem parente do Brasil. Mas tinham outros ali que também não tinham. E nem ligação a gente podia fazer. Era silêncio nesse sentido. Sem conexão. Eu ainda tive a alegria de ter da Alemanha acho que oito pessoas. Na verdade, seis da Alemanha e dois de Milão. Parentes distantes. Fomos ordenados por um bispo de Roma. Não se podia escolher nada, não se tinha direito a nada. Mas também o que se podia fazer? Numa cidade onde tem tantas ordenações… naquele ano deve ter sido ordenado mais de 120 por lá. Mas foi um tempo significativo. No domingo eu fui celebrar a minha primeira missa, e fiz questão de fazê-lo sobre o túmulo de Pedro, na capela que fica debaixo do altar papal, por razões muito particulares. Eu fiz questão disso. O Pe. Darci estava junto e o Pe. Renatus foi o presbítero assistente. Isso deixou uma marquinha. Ter iniciado o meu ministério ali foi significativo.
O LÁBARO: Voltando para o Brasil, como foi iniciar o seu ministério aqui?
DOM CARMO: Eu voltei em 1970. Eu tinha iniciado a tese em Teologia Moral, sobre a Teologia do progresso na Gaudium et Spes, mas não cheguei a terminar. Estávamos havia muito tempo fora e a província pediu que voltássemos. Fomos quando ainda éramos fráteres. Naquele tempo eles acreditavam nos fráteres (risos). Hoje, só mandam para lá padres. Depois que voltei, vim para Taubaté lecionar Teologia Moral no Conventinho e também auxiliar em Lagoinha onde trabalhava o Pe. Chico, que já era idoso. Lá eu vi algo folclórico. A gente ia sexta-feira à tarde ou sábado de manhã. Chego lá um dia – estava ameaçando uma trovoada – e cadê o Pe. Chico? Fomos procurá-lo e o achamos debaixo da cama, com medo dos trovões. Foi um período bom, embora curto, porque depois ali foi viria a ser reclamado pelo Cardeal Mota e passaria a pertencer à Arquidiocese de Aparecida. E a paróquia foi entregue no dia do meu aniversário, em 16 de maio de 1971. Nunca me esqueço. Mas valeu. Eu continuei dando aula, mas apostolicamente desempregado. Ajudava na então capela onde hoje é a Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Depois o Dom Francisco falar com o Pe. Valério que Redenção da Serra estava acéfala. O padre de lá que era o Pe. Clair havia sido transferido para Jacareí. Então eu e o Pe. Schmidt, que era diácono à época, fomos para lá. Assumi como vigário ecônomo. Era para ser provisório, mas essa provisoriedade levou 28 anos para terminar. Em 1973 eu fui para o Sul, mas o Pe. Knob assumiu a paróquia.
O LÁBARO: Então foi no Sul que o senhor exerceu mais intensamente o seu sacerdócio?
DOM CARMO: Sim. Eu nunca trabalhei no meu Estado, a não ser atendendo confissão. Fui para Santa Catarina, levado pelo depois bispo Dom Roque Oppermann. Foi o ano mais feliz da minha vida. Éramos três e muito diferentes um do outro. Tinha um carioca, o Pe. Geraldo, que era o pároco, querido até pelo capeta (risos). Ele era bom. Ria com o bispo, para o bispo e do bispo. Tinha também um catarinense, Pe. Aloísio Helmann, que veio a morrer depois, jovem, vítima de um câncer. Foi o homem que mais me impressionou na transformação, em toda a minha vida. Éramos todos diferentes, mas nos dávamos muito bem, e o povo testemunhou isso e comentava conosco. Depois nós fomos transferidos, o Geraldo para Curitiba e eu para Brusque, para trabalhar na formação como Diretor Espiritual da Filosofia. Ali, paguei pelos pecados feitos e pelos não feitos. Foi um período difícil, um tempo de purificação. Fiquei seis anos na formação. Depois o meu provincial me ofereceu duas possibilidades: Minas ou Joinville. Aí dei uma de macaco velho e disse a ele: “Eu sei que Joinville já não é mais aquela, mas já que o senhor me dá a escolha, então se o senhor me conceder Joinville, irei de bom grado”. E para lá eu fui. Aí fiquei durante nove anos, muito bons. Joinville foi um pouco a minha paixão.
O LÁBARO: O que marcou o senhor nesse tempo?
DOM CARMO: São diversas coisas. Havia um povo muito trabalhador e participativo. A gente tinha um bom grupo de leigos… aquilo que não foi possível fazer aqui, por causa de alguns reverendos que não deram todo aquele apoio. A valorização do laicato foi sempre uma das ideias fixas minhas. Porque não concebo uma Igreja dinâmica sem o aporte total do laicato. Então tínhamos uma equipe muito boa. Foi um tempo bonito porque também de briga. Por que digo isso, o que parece ser uma contradição? Porque foi o tempo da Teologia da Libertação, não libertada, que estava querendo dar as cartas. Então foi difícil. Tivemos discussões homéricas no clero. Eu pensando estar defendendo a ortodoxia, que leva a ortopraxia, enquanto outros se posicionavam contrários. Eu cheguei, numa noite, a me perguntar: “Carmo, quem é que está com a razão? É você ou outros? A comarca ficou dividida. Mas logo depois o bispo interveio e acabou com a nossa festinha (risos).
O LÁBARO: Como o senhor acolheu a notícia de que seria bispo?
DOM CARMO: Acho que sou um pouco normal. Na festa dos 50 anos de sacerdócio do bispo, eu era um dos organizadores e ficava circulando, passando nas mesas para ver se estava tudo em ordem. Quando eu saí da mesa onde estavam os bispos, um deles disse: “este é o próximo”. Eu vou vi, mas segui em frente, não me dei por achá-lo, por que muita água podia rolar ainda. Depois veio um paroquia no me perguntar se eu gostaria de ser bispo. Quis saber o porquê daquela pergunta. Ele acabou revelando que havia recebido uma carta de Brasília, da Nunciatura. Eu disse a ele que eu era religioso, e a religiosos isso não pode apetecer. Na festa de ordenação do Dom Orlando Brandes, que veio a ser bispo de Joinville, os padres lá, despudoradamente me falavam: “Carmo, olhe bem esta cerimônia, pois o próximo poderá ser você”. Mas logo eu fui transferido para Brusque. Daquela data até a minha ordenação como bispo, foram dois anos. E quem me telefonou dando a notícia de que eu seria bispo foi o Dom Orlando.
O LÁBARO: O senhor titubeou para dar a resposta ou foi de imediato?
DOM CARMO: Eu disse a ele: “Olha, você me pecou de calça curta – isso foi no dia oito de maio de 1994 -, eu vou pensar um pouquinho. Tenho esse direito, porque não fui consultado”. O Orlando disse: “responda sim logo”. Eu falei que precisava de uns cinco dias para refletir. No dia 13 de maio eu dei a resposta, e fiz questão que fosse nesse dia. Mas divulgado oficialmente no dia 22 de maio.
O LÁBARO: Quando recebeu a notícia o senhor já soube de imediato que viria para Taubaté?
DOM CARMO: Sim. Quando o Dom Orlando me falou, eu tive de dar duas gargalhadas. A primeira, por causa do episcopado. Quando eu tinha meus 18 aninhos, um outro gaúcho e eu fomos mandados para dar aula no seminário. Tinha uma professora lá também e eu me dava muito bem com ela. Ela era jovem e plena de vida. Mais tarde, quando eu estava no noviciado, tive notícia de que ela iria ingressar na vida religiosa. Então, duvidando daquilo, eu disparei: “se essa aí vai para a vida religiosa, eu fico bispo ou engulo um cabo de vassoura”. (risos). Eu já estava preparando o cabo de vassoura. A segunda gargalhada foi porque, quando eu saí de Taubaté, em 1973, porque eu não ia alinhar a minha vida à docência, então não voltaria mais para cá, eu disse: “Taubaté nunca mais”. Não que tivesse saído magoado etc, nada disso. Apenas porque não via mais essa possibilidade.
O LÁBARO: Como foi para o senhor o tempo de episcopado aqui em Taubaté?
DOM CARMO: Do positivo eu não vou falar muito. Não vim aqui para me mostrar, mas para ser útil a Cristo e à Igreja, como expressa o meu lema. Eu vim mesmo para servir, isso eu posso dizer. Eu sou dehoniano. Então acho que um pouquinho daquilo eu consegui absorver, internalizar. O Pe. Dehon falava sempre: “É preciso ir ao povo”. Ele valoriza muito a doutrina social da Igreja. Era um gentleman, um homem culto. Isso sempre me impressionou. Eu queria fazer um trabalho com os padres no sentido de fazê-los se sentir verdadeiramente membros de um presbitério, uma grande família sacerdotal. Não foi possível. Claro que tem histórias atávicas que explicam… e qualquer sociólogo saberia explicar isso, e muito bem. Então se ouve uma decepção, foi esse fato. Eu queria que a minha casa fosse a casa dos padres. Um pouquinho de postura eu tenho. Não sou nenhum santo, mas uma certa coerência eu mantive, e queria que houvesse uma nova evangelização e eu vi que a coisa estava meio difícil. E todas as vezes que tinha reunião, eu sempre fazia uma colocação no sentido da espiritualidade. A meu ver, a anemia provinha dali. Mas eu agradeço a Deus por esse tempo. Acho que lutei. Se deu esse problema no coração, não foi porque eu comi muita carne vermelha, como alguns disseram. Mesmo porque eu sou um pouco comedido. Eu procurei dar a vida. E mesmo agora, quando dizem: “Deixa de ser bobo! Você é emérito!”, eu continuo estudando, preparando algum retiro. Acho que tenho de investir em mim até o fim. Principalmente, estar aberto ao novo, à Igreja em saída, missionária. Quero ser útil.
O LÁBARO: No dia 17 de Dezembro o senhor completa 50 anos de ministério sacerdotal. Se pudesse fazer uma síntese do que isso significa para o senhor, qual seria?
DOM CARMO: Eu ia distinguir um pouco assim: na minha concepção e naquilo que deu. Na minha concepção, eu quis, como diz o meu lema episcopal, “Sentire cun Christo et Ecclesia” (Sentir com Cristo e a Igreja). E isso eu procurei de fato como bispo. Mas antes, da espiritualidade dehoniana: amor e oblação. Nós nascemos para amar. Todos. No casamento é de uma forma, na vida religiosa é diferente, na vida sacerdotal é ainda um pouco diferente… mas se não existe isso, é traidor. E servir. “Eu vim para servir”, disse o Cristo. Eu não disse que consegui fazer isso certo. Mas isso estava presente em todos os momentos da minha vida.
O LÁBARO: Valeu e está valendo a pena?
DOM CARMO: Mas é claro que sim. Acho que ninguém nunca me viu apocalíptico. Podem ter me visto cansado. Mas estressado, deprimido, isso não. E olha que eu já vi coisa! Mas sempre achei que a minha vida tinha de ser um pouquinho de referência no sentido de acolher, e, disso, acho que ninguém poderá falar o contrário. Eu vejo a vida com muita normalidade. E se a gente às vezes sofre um pouco, em relação a muitos aí fora, isso não é nem um terço.
Fonte: Jornal O Lábaro – edição de dezembro/2016