ANO SANTO E INDULGÊNCIAS

Ano Santo e as indulgências Não é com muita frequência abordamos o tema das indulgências, mas esse é um assunto que vem sempre à pauta, especialmente, por ocasião de um Ano Santo ou Jubilar, por ser uma de suas características distintivas. Nas raízes bíblicas do Jubileu celebra-se tanto a misericórdia de Deus como o consequente perdão no âmbito das relações humanas. O Ano Santo é uma grande oportunidade tanto para pedir como para conceder o perdão. A misericórdia e o perdão são elementos constitutivos que caracterizam o Ano Santo. As indulgências têm lugar justamente nesse contexto da misericórdia e do perdão de Deus. Neste espaço queremos, ainda que muito brevemente, apresentar essa prática da Igreja, às vezes, pouco ou mal compreendida.

O que são as indulgências A palavra “indulgência” tem sua origem no latim “indulgere” que significa perdoar. O Catecismo da Igreja Católica ensina que a doutrina e a prática das indulgências exaltam a infinita misericórdia de Deus, que é rico no perdão (Ef 2, 4). As indulgências estão estreitamente ligadas aos efeitos do sacramento da Penitência. Ou seja, as indulgências estão relacionadas à autoridade que o próprio Jesus Cristo confiou à sua Igreja para, em seu nome, perdoar os pecados. “Como o Pai me enviou, eu também os envio: a quem perdoardes os pecados eles serão perdoados, a quem não os perdoardes eles serão retidos” (Jo.20,23). Como também disse: “Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e o que deligardes na terra será desligado no céu” (Mt.18,18). Portanto, por vontade de Cristo, cabe à Igreja administrar a graça do perdão. Assim, a Igreja administra as indulgências. Entende-se por indulgência a remissão da pena temporal devida pelos pecados, já perdoados quanto à culpa. Da mesma maneira como o mal deixa suas consequências, o bem praticado com espírito cristão, tem a capacidade de reparar as consequências do mal. As indulgências são uma reparação das consequências de mal causados pelos nossos pecados. Elas são expressão do múnus que a Igreja tem de santificar. A indulgência pode ser parcial ou plenária. Os fiéis podem obter as indulgências para si ou também como sufrágio (apoio) aos irmãos já falecidos. Isso porque todos nós estamos unidos na comunhão dos santos, somos membros do Corpo Místico de Cristo. “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (ICor.12,266-27). Assim, todos se beneficiam com o perdão que recebemos e com o bem que praticamos.

Como obter as indulgências Com a bula de proclamação do Ano Santo intitulada “Spes non Confundit” o Papa Francisco publicou as normas para concessão das indulgências. Dentre as práticas para obter indulgências está a peregrinação à uma das Basílicas Pontifícias ou outro templo indicado em cada diocese, assim o fiel expressa seu desejo de buscar a Deus e ir ao Seu encontro. É necessário que o fiel esteja verdadeiramente arrependido de seus pecados e tenha a disposição em viver de acordo com a vontade de Deus. Que receba o perdão pelo sacramento da Penitência e participe de um momento de oração, celebração ou adoração. Que seja revigorado pela Sagrada Comunhão. Que recite a profissão de fé (Creio) e reze pelas intenções do Papa e da Igreja (pode ser um Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai). Alguém pode perguntar: e quanto àquelas pessoas que, por um motivo ou outro, não podem receber o perdão sacramental ou participar de uma romaria ou de uma celebração, o que poderão fazer? Não se pode colocar limites à misericórdia de Deus. Esses irmãos que se encontram em tal situação, façam o que as condições lhes permitem fazer. Deus, que conhece as intenções de nosso coração, ao reconhecer o arrependimento e as boas disposições do fiel em viver de acordo com Sua vontade, certamente, lhe concederá suas graças. Assim também os doentes, os idosos com mobilidade comprometida e outras pessoas que, por vários motivos graves, não puderem fazer peregrinação ou ter acesso ao sacramento do perdão, expressem seu sincero arrependimento e façam as orações solicitadas pelas intenções da Igreja e do Papa, ofereçam seus sofrimentos, a fim de obterem as mesmas graças. Além dessas maneiras já citadas para se alcançar o perdão ou as indulgências, a Igreja também apresenta outras, tais como: as obras de penitência, com as quais se revela disposição à conversão; as obras de caridade ou de misericórdia, em favor dos pobres e dos que sofrem; a visita para levar alívio aos doentes, aos presos, aos idosos solitários, aos deficientes; o empenho em evitar distrações fúteis (reais ou virtuais) e de consumos supérfluos, a luta em favor da defesa e proteção da vida; as atividades de voluntariado; a busca de formação para aprofundar a fé, etc. Os atos de “amor cobrem uma multidão de pecados” (IPd.4,8), diz o Apóstolo. Esses são exemplos e oportunidades de praticar o bem, para manifestar espírito penitencial e alcançar indulgências, especialmente no Ano Santo. Acolhamos a misericórdia de Deus.

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