JUBILEU – ANO SANTO

O que motiva esse tema Em maio de 2024, o Papa Francisco publicou a bula «SPES NON CONFUNDIT», ou seja: “a esperança não engana” (Rm. 5, 5), com a qual proclamou o Ano Jubilar ou Ano Santo ordinário, que ocorre a cada vinte e cinco anos. Este teve início, em Roma, na véspera do Natal de 2024, com a abertura da porta santa, na basílica de São Pedro. Em cada diocese a abertura do Ano Santo ocorreu no domingo seguinte, com a celebração presidida pelo bispo diocesano na festa litúrgica da Sagrada Família. Nas igrejas particulares (dioceses), o Ano Santo, terminará no domingo 28 de dezembro de 2025. No Vaticano, o Jubileu terminará com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro, na solenidade da Epifania do Senhor, dia 6 de janeiro de 2026. Assim, motivados por essa ocasião de graça, apresentamos aqui um breve histórico sobre o jubileu e o tema da esperança que orientará nossa reflexão ao longo do próximo ano.

Histórico sobre o Jubileu A palavra “jubileu”, vem do ambiente judaico, provavelmente, do termo “yobel” que designa o instrumento feito com chifre de carneiro, usado como espécie de trombeta, para anunciar o dia da expiação, ou do perdão, o Yom Kippur. No Antigo Testamento, o jubileu era celebrado a cada cinquenta anos. Assim como, na semana, o sétimo dia era descanso consagrado a Javé, o ano seguinte ao período de sete vezes sete anos era celebrado o ano jubilar. No livro do Levítico lemos: “Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, cuja duração fará um período de quarenta e nove anos. Tocarás, então a trombeta no décimo dia do sétimo mês; tocareis a trombeta no dia das Expiações em toda a vossa terra. Santificareis o quinquagésimo ano e publicareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu” (Lev.25,8-10). O objetivo do jubileu era o perdão dos pecados, a remissão das dívidas, a libertação dos escravos, o descanso da terra que não seria cultivada e as que, de alguma forma estavam empenhadas, retornariam aos seus antigos donos.

A celebração do jubileu na Igreja Católica se deu por iniciativa do Papa Bonifácio VIII, no ano 1300. Os peregrinos que fossem a Roma e rezassem junto aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo obteriam indulgências, ou seja, a remissão das penas temporais, consequências de pecados já perdoados. Inicialmente, o jubileu católico aconteceria a cada cem anos. Houve também a proposta de se fazer a cada 33 anos, em referência a idade de Cristo. A partir de 1470, com o Papa Paulo II, a periodicidade dos jubileus ficou estabelecida a cada vinte e cinco anos. Por esta mesma época, o jubileu passou a ser chamado simplesmente Ano Santo. A celebração do jubileu a cada 25 anos tem o intuito de favorecer que mais pessoas participem desse ano de graça. A simbólica tradição da abertura da Porta Santa começou com o Papa Martinho V, no ano 1423, na basílica de São João de Latrão. A abertura da Porta Santa na basílica de São Pedro remonta ao Natal de 1499. Com esse símbolo, recordamos que Jesus mesmo diz que ele é a porta (cf. Jo.10,7). Significativa e simbolicamente, ao passar pela porta santa de um templo, recordamos que é por Jesus que recebemos a graça do perdão. Por concessão do Papa, eventualmente, pode haver Porta Santa em outros locais fora de Roma. Exemplo disso ocorreu em cada diocese, por ocasião do jubileu extraordinário da Misericórdia, em 2015. Para favorecer os fiéis, o Ano Santo passou a ser celebrado não só Roma, mas também em cada Diocese, onde são indicadas algumas igrejas a serem visitadas, a fim de se obter as mesmas graças, contanto que se observe o que é solicitado: peregrinação ao local indicado, confissão, comunhão, profissão de fé, oração pela Igreja e pelo Papa.

Jubileu de Esperança O jubileu de 2025 tem como tema “Peregrinos da Esperança”. Diante de tantas dificuldades que marcam os tempos atuais, o Papa Francisco escolheu esse tema para nos indicar que a esperança que nos anima não é ilusória ou inconsistente; é esperança que nasce do amor de Jesus Cristo que nos redimiu e abriu-nos a possibilidade de uma viva esperança. “De fato, quando estávamos distantes de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida” (Rm. 5, 10). Essa é a esperança que nos anima; porém, não é uma esperança só para a eternidade. Pela ação do Espírito Santo, essa esperança nos guia hoje, entre as agruras desta vida, nos animando nas situações difíceis e nos incutindo coragem para enfrentar o que a vida nos reserva. Portanto, não é uma esperança alienante, mas esperança que nos anima a enfrentar as dificuldades com mais determinação e a resistir a cada dia, permanecendo firmes no Senhor. Com efeito a esperança cristã não engana nem decepciona, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor de Deus. Como lembra o Apóstolo: “Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? … Nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8,35-39). Sobre o tema da esperança teremos oportunidade de refletir ao longo do ano. Feliz Ano Santo!

Dom Wilson Angotti
Bispo Diocesano

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