O dia em que vi o Papa

Era 1º outubro de 1995 e cheguei a Nova Iorque para uma estada de uma semana. Fui em companhia de minha irmã, a também jornalista Bete Carvalho e minhas amigas, a jornalista Laila Nasser, hoje diretora de Marketing do Saae de Guarulhos e da professora de Filosofia Viviane Dantas. Dividimos um apartamento no Days Hotel e não fizemos os programas da Soletur, empresa pela qual havíamos viajado, mas preferimos nos aventurar pela capital do mundo, fazendo nossa própria programação turística.

Estivemos em todos os lugares, no Píer, na Estátua da Liberdade, no Museu da Imigração, na Catedral de São Patrício, nos prédios destruídos por Bin Laden, o World Trade Center, que constituíam as Torres Gêmeas, no Rockefeller Center e no Empire State. Também na Macy’s, na Sacks, no Blomindale’s, e em muitos paraísos do consumo, como os shoppings de Nova Jersey, onde também arriscamos a sorte no Cassino Taj Mahal.

Passeamos no Central Park, vimos o monumento em homenagem a John Lennon e o apartamento em que morava com Ioko Ono, no edifício em frente, o Dakota. Verdade seja dita: Nova Iorque era, então, a Terra da Liberdade. Ninguém se sentia um estranho. Era como se todos estivéssemos em nossa própria cidade. Era a Nova Iorque que hoje já não existe…

Num daqueles dias, pude também fotografar a Quinta Avenida vazia, quase sem gente e sem carro, fato quase inédito e que deve ter ocorrido poucas vezes na história. Só policiais fazendo um cordão de isolamento entre a calçada e o asfalto e pouquíssima gente esperando passar alguém, que eu perguntei a um policial quem seria: – o Papa, respondeu-me.

Olhando para o lado esquerdo, vindo da região do Central Parque, o Papa Móvel caminhava lentamente. Esperei. Fiz a foto do saudoso Papa João Paulo II se aproximando, foquei-o em seguida bem frente a mim, a uma distância de mais ou menos três metros, e sem ninguém na minha frente. Vi-o muito bem, melhor até que se tivesse ido à Praça São Pedro, no Vaticano…Por alguns minutos, acompanhei aquela figura suave, em direção à catedral de São Patrício, onde os fiéis católicos  o esperavam. Num outro ponto da cidade, minhas amigas Viviane e Laila assistiram a uma manifestação contra o aborto.

No dia seguinte, em meio a um enorme congestionamento de trânsito, ficamos paradas junto ao túnel que vai para Nova Jersey, onde assistimos à passagem da comitiva do Papa. Em dado momento, arrebentou a correntinha de ouro com a medalha de Nossa Senhora, de uma pessoa que estava conosco no mesmo micro-ônibus. Essa senhora, moradora de Goiânia, nos disse, sem surpresa: “ é o Papa que está por aqui .

Eu tenho tanta identificação com esse Papa, que sempre acontece alguma coisa quando fico próxima dele”. E começou a nos contar sobre suas várias idas ao Vaticano e as vezes em que fora escolhida para as audiências de João Paulo II.

Iára de Carvalho

Fonte: Jornal O Lábaro edição de abril e maio/2015

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