Novos prefeitos e justiça social

Tivemos as eleições. Novos prefeitos e novos mandatos iniciam no primeiro dia do próximo ano. Não ouvi todos os candidatos na campanha eleitoral, claro, isso seria impossível. No entanto, posso apostar que todos falaram em governar para socorrer os mais pobres. Mesmo antes das eleições li e ouvi muito falar de diminuição da pobreza e de inclusão social, sobre como isso aconteceu nos últimos anos e em como isso estaria agora em risco.
É importante, contudo, entender que a ajuda aos mais pobres não se resolve com simples assistencialismo. De fato, precisamos de políticas eficazes de inclusão social. Não se trata apenas de mitigar a carência dos necessitados, trata-se de torná-los de fato cidadãos com acesso aos bens públicos. Que tenham saneamento básico, ruas transitáveis, meio de transporte, saúde e educação de qualidade.

Assim também a caridade, libertada da mentalidade de mero assistencialismo, no que se refere a ajuda aos empobrecidos, não se constitui em uma coleira a aprisionar o pobre em sua pobreza, obrigando-o a esperar passivamente a ração de cada dia dada por alguém que se compadece de sua miséria. Antes disso, a caridade atua na dinâmica daquilo que os vicentinos chamam, acertadamente, de promoção. Não se trata de manter o indigente na sua miséria, mas de libertá-lo dos mecanismos que o mantém na indigência. O pobre deve crescer, deve aprender a caminhar com as próprias pernas, deve ter condições e capacidade de resolver, por si mesmo, os seus problemas. Deve poder conquistar o seu pão de cada dia com o seu suor, num trabalho honesto e bem remunerado.

Neste sentido, as ações políticas direcionadas aos que são mais desamparados nada mais são que justiça feita. E tais ações devem promover esses mais desfavorecidos incluindo-os no exercício da cidadania. É preocupante perceber que o paternalismo é norma. Ouvir termos como “pai dos pobres”, e outros semelhantes, é desalentador pois revela tanto a mentalidade assistencialista como acomodação a uma situação de dependência e de imaturidade. A dignidade de uma pessoa é seu direito nato. Resulta também, de seu esforço.

Logo, o trabalho de um político, semelhante à promoção da caridade, será dar condições para que a pessoa possa, por ela mesma, ganhar o seu sustento, reivindicar os seus direitos e colaborar por sua vez, como cidadão maduro e responsável, com o bem comum de todos. No assistencialismo quem dá se sente superior aquele que recebe. Na politica cidadã, quem governa e quem é atendido pelo governo, reivindicando seus direitos, são cidadãos iguais nos direitos e nos deveres.

Pe. Silvio Dias
pesilvio@hotmail.com

Fonte: O Lábaro – edição de outubro de 2016

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