Boa nova aos pobres

“E os pobres são evangelizados” (Mt 11, 5). Foi assim que Jesus concluiu a resposta que mandou dizer a João Batista que, prisioneiro de Herodes, enviou seus discípulos perguntarem se Ele era o Cristo. A palavra evangelho, traduzida, quer dizer “boa notícia”. E qual é a boa notícia que Jesus tem pra dar. É essa, que Deus jamais se afasta do pobre.

O Reino dos céus está próximo, esse é o conteúdo do evangelho. Dizer isso e afirmar que Deus mesmo está presente. É Ele o Reino dos céus. E Deus se faz próximo em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito. Antes desta última frase, sempre no episódio narrado por Mateus, tal como ouvimos no Terceiro Domingo do Advento, Jesus manda dizer a João Batista que os doentes são curados e que os mortos (referência talvez aos pecadores) ressuscitam. Vários grupos de infelizes são citados: os cegos, os paralíticos, os leprosos, os surdos e, por fim, os pobres.

A tendência humana é sempre se afastar de quem está infeliz. O fraco, o debilitado a pessoa deprimida, outras classes de infelizes lembradas na primeira leitura (Isaias 35, 1-6) costumam provocar reação de rejeição nas pessoas.

Típico é o comportamento dos poderosos. Esses, sem nenhum pudor, evitam os pobres, fechando-se em seus condomínios de luxo. A maioria dos políticos aproxima-se dos pobres em época de campanha, pedindo votos. Depois, ganhando ou perdendo, afasta-se dos excluídos, da periferia até as próximas eleições.

Jesus, nascido pobrezinho, sempre se colocou ao lado dos pobres, dos doentes, dos infelizes, dos pecadores e dos humildes. Como seu primo João Batista, Ele não se vestia com roupas finas, nem se refugiava em palácios magníficos (cf. Mt 11, 8). Ele é a Boa Nova para os pobres, porque deles não se afasta nunca. Consola o aflito, dá ânimo ao deprimido, perdoa o pecador arrependido, ergue o decaído, liberta o prisioneiro.

Como é bonito ver tantos bons exemplos em nossa Igreja que, a imagem e semelhança do Cristo, se aproximam daquele que foi abandonado por muitos. Gestos de solidariedade com o encarcerado, de apoio aos enfermos, de socorro ao necessitado, de enfrentamento das injustiças, de promoção da dignidade humana. Gestos proféticos. Gestos cristãos.

Ainda que as festas de final de ano tenham se transformado num desperdício pagão, o verdadeiro sentido do Natal vem do céu, que é Boa Nova para os pobres: Deus se faz próximo deles.

Pe. Silvio Dias
pesilvio@hotmail.com

Fonte: Jornal O Lábaro – dezembro/2016

Foto: Getty Images

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